Os dois ursos irmãos
Dois pequenos ursos,
irmãos, brincavam no jardim em frente de casa. A mãe fazia doce de figo e preparava
o almoço, enquanto o pai trabalhava numa nova construção na garagem. Construía
um baloiço para pendurar na figueira lá do quintal. Os filhos adoravam
baloiçar-se e até há bem pouco tempo, quando o último se partiu, as
disputas para se aventurarem com os sonhos ao sabor do vento empurrado por ele
eram imensos. Hoje, o pai urso tentava construir um novo para que os filhos pudessem
continuar a brincar e sonhar. Um dos filhos, o mais velho, procura o pai na
garagem para lhe pedir para ir brincar para o jardim com os amigos. O pai
permite-lhe e combina com ele:
- Leva a tua irmã
também e têm que estar em casa daqui a trinta minutos. Apesar de relutante pois
o acordo não era o melhor para ele, o ursinho concorda. Tinha a vantagem de
poder estar com os amigos e isso superava a infelicidade de ter que levar a
irmã atrás. Depois de mais alguns alertas, o pequeno urso feliz dirige-se para
a irmã, pega na sua mão, levanta-a e diz-lhe:
- Vais comigo porque o
pai mandou, mas não te vais meter nas brincadeiras! Só ficas a ver, ouviste? –
diz-lhe muito resingão. A irmã acena imediatamente que sim e, a contragosto, segue
o irmão dois passos atrás. Chegados ao jardim, o urso encontra a tartaruga, o
leão, o pato, o gato e a lebre. Estavam a jogar ao berlinde quando os dois
irmãos chegaram. O Urso, mais velho, vendo que os amigos estavam entretidos,
mas que não poderia entrar já na brincadeira, convidou-os para jogarem à
apanhada. Assim, poderiam jogar todos, inclusivé a chata da irmã. Os amigos
concordaram e o jogo começou. A lebre inicia a correr atrás de todos os amigos
que tentam fugir o mais rápido possível. Não podem, de maneira nenhuma, ser apanhados,
caso contrário têm que ficar de fora até que a lebre consiga apanhar todos, um
por um. A irmã urso, mais nova que todos os outros, tentava correr o mais
rápido que podia, mas as suas pernas eram tão pequenas, que até a tartaruga
conseguia ser mais veloz. Para a lebre, a tarefa estava a ser fácil demais e não
hesitou em tornar o jogo mais interessante. Fingindo que ia atrás da tartaruga,
passa pela ursa pequena e traça-lhe a perna. Esta cai e desata num pranto. Tinha
o joelho raspado e estava triste porque as suas pernas não eram tão compridas
como as dos outros animais. O irmão, que ao longe, assiste a toda a situação,
começa a correr desenfreadamente na direcção da lebre e, quando chega ao pé
dela, empurra-a e diz-lhe:
- Nunca mais faças isso
com a minha irmã, ouviste? – Nesse mesmo instante, vira-lhe as costas,
debruça-se sobre a irmã, dá-lhe a mão e leva-a de volta a casa, em silêncio. À porta,
encontra-se o pai que já os esperava para o almoço.
- Mas o que é que
aconteceu? – pergunta ele preocupado.
O urso mais velho,
triste porque não tinha brincado quase nada com os amigos e com medo de um
severo castigo por ter empurrado o colega, não responde. A irmã, sentindo-se
feliz porque o irmão a tinha defendido, responde prontamente:
- Não foi nada, pai.
Estávamos a vir para casa porque já tinha passado os minutos de brincar e tinha
uma pedra grande, mas tão grande no caminho, e eu vinha com tanta fome, mas
tanta fome, que nem vinha a olhar para o chão. Quando, de repente, tropecei e
cai. Agora tenho o joelho estragado e tens que o consertar.
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