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A mostrar mensagens de março, 2013

Sonho de Verão

Envolvida neste pequeno sótão Onde o mar se ilumina pelo sol Cruzo a noite tenebrosa Com o sonho d'um dia de Verão Calço os chinelos no pé descalço E sobre a pele, envolvo-me  No pano amarelo de alças, E corro no teu encalço A primavera já lá foi, na rua Canteiros cheios de flores, Margaridas sorridentes Seguem-me com todo o seu esplendor Porque na esperança de te alcançar Por elas passo a correr  Num desejo de te envolver E no meu peito te descançar Então, abro os olhos em redor Na esperança de te encontrar Mas no silêncio da hora Ouço apenas o teu olhar.

Abraço intemporal

Não acreditas em nada Nem no Diabo malvado Nem no Deus imaculado Mas quando sentes Que das nuvens Algo te enviaram Acolhes nos teus braços Aquilo de que amedrontada Fugias, arrepiada. Então ficas sentada Sem tempo porque o tempo Deixou de ser. Na sua essência. Curto, longo. Simplesmente deixou De ser. Porque este tempo Não tem tempo. E abdicando das amarras do relógio Porque envolvida nos teus braços O tempo deixa de ser tempo E passa a ser o teu abraço.

Árvore da Terra

Há uma árvore no prado Que se impõe na terra vermelha Ao lado o vazio do ar Onde respira e se deita E quando por ela passo Sinto orgulho no seu jeito Porque imponente e satisfeita É humilde no seu peito E no brilho das suas folhas Se vislumbra um tronco largo De raízes profundas e longas Espalhadas naquele cerrado Sorrio-lhe num aceno De ternura inqualificável E ela espera que eu regresse Sem que, por ela, simplesmente passe

Casa do Sotão

Uma porta aberta De uma casa vazia Onde tudo se espera Com certa melancolia Paredes brancas Verdes e vazias Chão pisado Por passos marcados Tacos que esperam Sombras futuras Móveis desenhados Num aconchego que dura Despida de quadros Cortinas e pratos Aguarda futuro Guarda passado Sentada no chão Olho as paredes Um espaço aberto Para quadros incertos E do vazio encontrado Nasce um sotão sonhado Que se preenche agora De quadros alternados