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A mostrar mensagens de dezembro, 2012

Encantamento

Crianças no baloiço Voando em sonhos Distantes e lineares Na brisa da noite. E passando pelo outro Sorriem docemente O sonho não é o vôo É o doce encantamento Do olhar que esperam Terão a sorte de receber O sorriso latente E o olhar sorridente São doces aventuras Que esperam do outro lado Com a candura recebida O amor é premiado

Amanhecer

A s pétalas que não se abriram Quando à primavera o sol chegou ; É o sorriso que não partilha Do amor que desencadeou. São rosas que não cheiram   N um sentido que se vê, Mas um cheiro que se sente Por, mais pequeno beijo, que se dê. É um botão misterioso N uma rosa receptiva, É um condão procurad o Por uma Verónica perdida. Fresco, amplo e curioso É um cheiro leve e saboroso ; Percepção acalorada D'um cheiro de uma pequena flôr.

Os dois ursos irmãos

D ois pequenos ursos, irmãos, brincavam no jardim em frente de casa. A mãe fazia doce de figo e preparava o almoço, enquanto o pai trabalhava numa nova construção na garagem. Construía um baloiço para pendurar na figueira lá do quintal. Os filhos adoravam baloiçar-se e até há bem pouco tempo, quando o último se partiu, as disputas para se aventurarem com os sonhos ao sabor do vento empurrado por ele eram imensos. Hoje, o pai urso tentava construir um novo para que os filhos pudessem continuar a brincar e sonhar. Um dos filhos, o mais velho, procura o pai na garagem para lhe pedir para ir brincar para o jardim com os amigos. O pai permite-lhe e combina com ele: - Leva a tua irmã também e têm que estar em casa daqui a trinta minutos. Apesar de relutante pois o acordo não era o melhor para ele, o ursinho concorda. Tinha a vantagem de poder estar com os amigos e isso superava a infelicidade de ter que levar a irmã atrás. Depois de mais alguns alertas, o pequeno urso feliz dirige-se p

Girafa ou um Bicho Alado

As duas girafas de quatro patas, tronco comprido e pele pintada, passeavam juntas pela floresta. A maior olhava a mais pequena com carinho e orgulho. Partilhava com ela um longo e calmo passeio quando, de repente, a mais pequena levanta os doces olhos e pergunta à mãe: -Mãe, um dia disseste que ia ficar tudo bem e não está... - Como não está filha? O que é que tu tens? - É mais o que não tenho, mãe. - Mas filha, tens fome? Queres ir até àquela árvore, é rasteirinha e sei que consegues chegar lá. - Não mãe, eu não tenho fome... - Bom, tens sede então? Queres ir até àquele lago. Chegamos facilmente, é só mais alguns metros. - Não mãe, também não tenho sede... - O que é que se passa então querida? É com o teu pai? É com os teus irmãos? Aconteceu alguma coisa na escola? - Não mãe, está tudo bem com o pai, está tudo bem com os manos e está tudo bem na escola... - Oh filha, então está tudo bem! Não tens nada que te preocupar. Vamos até ao lag

Graduação

Uma lente no fundo de um copo Deixado na mesa, sem toalha estendida Um gesto habitual em surdina E o copo caído no vácuo. Uma lente perfeita Para um copo indiscreto, Uma visão deturpada Por uma alma inquieta. Um copo que pouco exige De alcançar a longa distância, Porque a mesa não permite, O que a visão não alcança. Um copo partido, Uma mesa abandonada. Sem toalha estendida, É o caldo entornado Um copo de lente Que arrisca, sem tino, Numa mesa, uma toalha Forrada de linho. Doce aconchego Que a alma aquece, Numa nova visão O copo exige e enlouquece.

Uma pintura

Poderia ser um lamento, Uma ânsia, uma avidez; Poderia, quem sabe, ser a força maior De mais que um desejo, inspirar de sobrevivência. Poderia ser uma prece D'um corpo sem toque, uma alma vazia. Um desejo, uma fé D'uma jarra desabitada, destituída. Trocaram-se as cadeiras e uma jarra encheu Os olhos audases em rosas se abriram, E como previsão irrealista, de luz se encheram. Porque por uma outra jarra, um outro corpo Que por saciar ou vazar anseia, ela Pinta, desenha e enfeita, sonhos e desejos por conquistar.